Livros, bibliotecas, empréstimos e devoluções e os estereótipos com profissionais da Biblioteconomia
Jorge Cativo
Na Biblioteconomia, não é apenas uma sociedade que determina a imagem que uma profissão e seus profissionais terão ao longo do tempo. Mesmo que existam comparações óbvias entre escolas x ou y, regiões alfa ou beta, quando se trata da informaçao como insumo e o impacto provocado pelas tecnologias, existem inúmeros fatores que influenciam a construção de um estereótipo.
Vai dizer que você nunca foi indagado sobre um leigo que associou sua profissão ao exercício de um único serviço, emprestar e devolver livros, dentro de um espaço tradicional, bibliotecas e seus mobiliários.
Biblioteconomia e a diferença entre bibliotecários e pessoas comuns
Certa vez me perguntaram o que de fato diferenciava o trabalho de um bibliotecário de uma pessoa comum que sabe fazer o que ele faz:
– “Emprestar e devolver livros”
Estereótipos da Biblioteconomia
Para alguns, esse estereotipar fazendo relação direta entre livros, bibliotecas e empréstimos e devoluções é uma realidade de causar orgulho, de quem já foi retratado no cinema ou na tv. É como as fotos que muitos exibem em perfis de redes sociais diante de estantesm acervos e etiquetas, como se a profissão se resumisse ao ciclo de processos técnicos e o entrar e sair d euma biblioteca todos os dias depois de consultar um relatório de empréstimos e devoluções.
Para outras pessoas, esse estereótipo da Biblioteconomia depende de uma mudança de mindset para ser ajustado, alterado, modificado.
Só que o mindset não está nas disciplinas que você cursou ou cursará nas universidades, não está nos livros indicados nos planos de ensino de quase todos os docentes que aprovam mudanças nos projetos políticos pedagógicos (ou não).
Essa mudança não está no conteúdo que muitos decoram para fazer uma prova ou gerar uma ficha catalográfica de mapa, de fita cassete, de um cd ou dvd, quiça de um livro.
Essa mudança não foi internalizada nos diálogos e interações profissionais de muitos eventos da Biblioteconomia , ou lives com títulos que exaltam a titulação e a imagem por trás de um convidado com prestígio na profissão, mas que ao falar de mudanças, não consegue perceber que o conteúdo há muito tempo já foi além do suporte.
Essa mudança não existirá enquanto projetos de pesquisa e extensão falarem mais do mesmo em termos que sempre estarão sendo indexados com as mesmas palavras-chave presentes em seus resumos: bibliotecas e suas tipologias, catalogação, classificação, empréstimos, devoluções, acervos, livros.
Há um ciclo que vai além dos processos técnicos em que quase nenhuma mudança é permitida, é inserida, é propagada no ensino, na pesquisa e na extensão.
E os aprendizados sobre uma determinada profissão, vão sendo cada vez mais consolidados como uma realidade. Realidade que é comprada pela sociedade como verdade.
Somente quando alguém consegue pensar fora da epistemologia e da etmologia das palavras, é possível ir além dos livros, da gestão de bibliotecas, da caixa, das quatro paredes, do campo de atuação restrito a estágios e profissionais oniscientes de uma prática repetitiva e que alimenta esse estereótipo criado e mantido ao longo do tempo.
E se você conseguiu sair desa bolha de alguma forma, conta pra mim como foi? Uma inspiração de alguém? Um livro que te fez pensar além do numero de chamada, da normalização e da elaboração de uma ficha catalográfica?
Um evento que foi exceção e criou uma concepção nova sobre como empreender diante de uma pandemia, sobre como criar oportunidades de negócios locais que tenham a informação como insumo e podem fazer você ter uma renda não apenas extra.
O intuito desse texto além de expor a relação entre a criação de um estereótipo e o uso dele socialmente a partir de uma profissão, é fazer com que estudantes e profissionais percebam que a mudança só virá com uma perspectiva nova de como você consegue ver, aprender e entender as inúmeras possibilidades de atuação dentro da área, além de se limitar a espaços, públicos presenciais e atividades tecnicistas.
O que eu devo fazer para mudar essa Biblioteconomia?
Já parou pra pensar que ao invés de se prender a métricas locais, num espaço físico que pouco prende a atenção das pessoas, você poderia na Biblioteconomia: usar mídias sociais como o facebook e alcançar pessoas do mundo inteiro; propor e utilizar plataformas de aprendizagem para empoderar qualquer comunidade, esteja ela onde estiver? apoiar negócios locais a partir da criação de ofertas de anuncios e atração de públicos; reunir informação em meio digital e poder educar, entreter e tranformar a vida das pessoas? obter uma expertise sobre a oferta de um produto que poucas pessoas tenham pensado sobre, mas que você tenha um diferencial para crescer num mercado… Criar soluções para profissionais de outras áreas que lidam com a informação, mas ainda executam tarefas de forma manual e morosa. Então por que não porpor a implementação de soluções? passar a dsenvolver coleções de ebooks e conhecer novos modelos de negócios na era digital. Acreditem vocês ou não, existem instituições que não sabem o poder de uma plataforma moodle, nunca ouviram falar em OBS ou stream yard, ainda vivem do registro de livros em um grande livro preto. Suas fichas catalográficas são manuais e com prazos para “confecção”! Então para finalizar, somente quando profissionais da Biblioteconomia forem percebidos como agentes da mudança que queremos ver, de fato ela começará a acontecer! Enquanto isso, muitos acharão que o estereótipo ainda é culpa do outro e sua sociedade preconceituosa e ignorante que vive a perguntar: – Você faz biblioquê?