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Os 5 corolários de Davis Lankes que todo bibliotecário precisa entender em 2023

IA LANKES COROLÁRIOS LANKES BIBLIOTECONOMIA DIGITAL

Introdução

Quem não lembra ou já estudou as 5 leis da biblioteconomia?

  1. Os livros são para uso
  2. A cada leitor o seu livro
  3. Cada livro seu leitor
  4. Economize o tempo do leitor
  5. Uma biblioteca é um organismo em crescimento

Ranganathan propôs leis visionárias em 1931.

R. David Lankes publicou em artigo em 2023 os 5 corolários, com alusão e alguns ideais e deduções que acrescentam e até modificam conceitos, significados e terminologias das 5 leis de Ranganathan para a Biblioteconomia.

Os corolários buscam oferecer diretrizes práticas para bibliotecários e organizações alcançarem esses ideais.

O foco está em criar algumas disrupções e moldar os serviços de biblioteca em torno das necessidades hiperlocais das comunidades.

Isso se contrapõe a um modelo padronizado predeterminado preso a técnicas, coleções e uma visão teminológica de “usuários” ou “clientes” que já não refletem adequadamente a relação entre a biblioteca e interagentes que ela serve. Quem não leu o artigo da professora Elisa Correa, acessa aqui!

Além disso, os corolários reconhecem que “biblioteca” é um termo impreciso. O foco agora deve estar nos bibliotecários, que escolhem como fazer curadoria, mediação e uso de ferramentas certas para atender às necessidades de sua comunidade.

Eles também destacam que uma biblioteca não já não é um espaço “só” para livros ou prédios com um acervo, serviços essenciais e aquela velha consulta a um OPAC. Entenda-se agora, a necessidade de disrupção pela facilitação do aprendizado e criação de conhecimento.

Curadoria e mediação diria Ofaj.

São os bibliotecários em colaboração com a comunidade que fazem uma biblioteca. Bibliotecas não existem por si só diria Raimundo Martins de Lima!

O tom agora é estabelecer uma visão de bibliotecas profundamente arraigadas em suas comunidades e capazes de empoderar de seus interagentes. E o que você tem aprendido de novo? Competências digitais sabe? Olhe essa formação e veja se ajuda a mudar sua realidade!

Os corolários de Lankes oferecem princípios orientadores para alcançar essa visão. Vamos ver cada um deles nessa publicação!

Corolário 1| A MISSÃO FUNDAMENTAL: “Os bibliotecários devem melhorar a sociedade facilitando a criação de conhecimento em suas comunidades”

O Corolário 1 destaca a missão primordial dos bibliotecários: melhorar a sociedade facilitando a criação de conhecimento nas comunidades que servem.

Essa missão aplica-se a bibliotecários em todos os contextos, não apenas instituições formais. Seja em uma biblioteca pública, empresa privada ou como consultor independente, o objetivo central continua sendo contribuir para o bem maior da sociedade.

O corolário enfatiza que o foco está na ação dos bibliotecários, não meramente nas instituições. São os profissionais, por meio de seus talentos e escolhas éticas, que cumprem a missão.

A criação de conhecimento é a essência. Mais do que fornecer recursos passivamente, a verdadeira função é catalisar a aprendizagem ativa e a descoberta de significado. Isso pode assumir uma infinidade de formas, desde a curadoria de coleções físicas e digitais até a facilitação direta da exploração intelectual.

Em suma, este primeiro corolário estabelece o propósito central da biblioteconomia: empoderar comunidades para florescer intelectualmente e encontrar a verdadeira compreensão. Tudo o mais decorre desse núcleo moral.

Corolário 2 | AGENTES DE MUDANÇA
“Ser um bibliotecário é ser um agente radical de mudança positiva em sua comunidade”

O Corolário 2 afirma que os bibliotecários devem abraçar seu papel como agentes de mudança progressiva.

Longe de ser uma função neutra ou passiva, o trabalho do bibliotecário envolve fazer escolhas que moldam ativamente a comunidade. Decidir quais materiais oferecer e como alocar recursos limitados são atos políticos, no melhor sentido.

Isso requer uma postura pró-ativa e engajada com questões sociais e intelectuais. O exemplo da Biblioteca da Aldeia Gusan-dong ilustra bibliotecários adotando uma abordagem ousada e ativista para atender às necessidades de sua comunidade hiperlocal.

O corolário enfatiza que melhorar a sociedade deve se dar uma comunidade por vez. Mais do que seguir dogmas abstratos, é preciso entender profundamente as circunstâncias e anseios de cada grupo específico que a biblioteca serve.

Este princípio convoca os bibliotecários a abraçar sua capacidade de liderança moral e social. Por meio de escolhas locais bem informadas, eles podem promover mudanças positivas de longo alcance. A ação começa com uma postura engajada dentro da comunidade imediata.

Corolário 3 | ALÉM DO ACERVO
“Um quarto cheio de livros é um armário, mas uma sala vazia com um bibliotecário atendendo sua comunidade é uma biblioteca”

O Corolário 3 faz uma declaração ousada: uma sala vazia com um bibliotecário servindo ativamente a comunidade é mais uma biblioteca do que um quarto cheio de livros.

O foco recai sobre o papel essencial dos bibliotecários como facilitadores do conhecimento. São eles, em colaboração com a comunidade, que constroem uma verdadeira biblioteca.

É claro que os recursos informacionais importam. Mas o simples acúmulo de materiais não é suficiente. É preciso conectá-los de modo significativo à vida das pessoas.

Isso envolve muito mais que organizar acervos. Significa entender profundamente as necessidades intelectuais da comunidade e criar espaços, físicos e virtuais, que fomentem o aprendizado ativo e o compartilhamento de ideias.

Portanto, uma biblioteca vazia ainda centrada na facilitação do conhecimento tem mais valor do que uma repleta de livros, mas desconectada de seu propósito maior. É a presença dos bibliotecários, não simplesmente o acervo, que define o coração de uma biblioteca.

Em suma, este corolário reforça que o papel dos bibliotecários vai muito além da gestão de coleções. Sua função essencial é potencializar o capital intelectual de suas comunidades.

Corolário 4 | NÃO SÃO SÓ ACERVOS!
“Bibliotecas ruins constroem coleções, boas bibliotecas constroem serviços, ótimas bibliotecas constroem comunidades”

Lankes ressalta que sempre estremece um pouco quando a citação aparece nas mídias sociais. Tudo porque, embora normalmente seja uma citação positiva, muitas vezes atrai a ira de alguns bibliotecários que simplesmente não gostam ou da implicação de que existem bibliotecas ruins ou que as coleções são ruins.

Primeiro, nada diz que bibliotecas boas e ótimas não podem ou não constroem coleções. É uma questão de foco. Se os bibliotecários se concentram exclusiva ou desproporcionalmente na coleção, isso é ruim.

Enquanto as bibliotecas ruins podem ser focadas apenas na acumulação de materiais, como livros e outros recursos, as boas bibliotecas vão além. Eles se concentram em fornecer serviços de qualidade, tornando o acesso e uso desses materiais mais eficiente e eficaz.

No entanto, o aspecto mais marcante deste corolário é a ideia de que bibliotecas realmente excelentes vão além de simplesmente se preocupar com processos de formação de coleções, incorporar materiais ou fornecer serviços. Elas se concentram na construção de comunidades.

Isso significa que essas bibliotecas se tornam centros de atividade social e intelectual, onde as pessoas se reúnem, aprendem, se empoderam e colaboram. Eles se adaptam às necessidades da comunidade e buscam avançar no crescimento e no desenvolvimento dessa comunidade.

Esse corolário destaca a importância de as bibliotecas se tornarem agentes de mudança e desenvolvimento em suas comunidades. Elas não devem ser vistos apenas associadas a livros, leitura e estoques informacionais mas simbolizam descobertas de serviços e construção de laços comunitários fortes. Isso reflete uma visão mais contemporânea e dinâmica das bibliotecas, que desempenham um papel vital na construção e no fortalecimento das comunidades em que estão inseridas.

David indaga: “As bibliotecas boas, ruins e ótimas têm coleções? Sim, sim e talvez. Mas as ótimas bibliotecas percebem que a coleção não é o que está nas prateleiras, mas nos membros e nos seus mundos”.

Segundo ele, o foco está no desenvolvimento de conexões, não no desenvolvimento de coleções. Haverá coleções desenvolvidas? Provavelmente sim, mas essa coleção tem foco no conteúdo e pode ser de links, digitalizações, livros digitais, materiais colaborativos, equipamentos de produção de vídeo e até coisas intangíveis!

Corolário 5 | SEGURANÇA, PRIVACIDADE E CONFIDENCIALIDADE: “Uma biblioteca deve ser um espaço seguro para explorar ideiais perigosas”

O Corolário 5 do autor R. David Lankes enfatiza que uma biblioteca deve ser um ambiente seguro para a exploração de ideias perigosas. Nesse contexto, a “segurança” não se refere apenas à ausência de perigos físicos, mas, mais importante, à liberdade intelectual e à capacidade de desafiar as convenções sem medo de represálias.

Isso significa que as bibliotecas não devem apenas fornecer acesso a informações variadas, mas também encorajaram o questionamento e a discussão de ideias controversas. A verdadeira missão de uma biblioteca vai além de fornecer livros e recursos; ela deve ser um espaço onde o pensamento crítico é valorizado.

Sobre o espaço segudo, precisamos pensar em questões como a privacidade (o que uma pessoa compartilha) e a confidencialidade (o que nós, como bibliotecários, mantemos e divulgamos).

Não rastrear o que as pessoas estão fazendo no espaço (lendo, acessando, criando). Mas, na verdade, fazer isso pode simplesmente criar um espaço muito desigual. Um exemplo mencionado por Lankes é uma colaboração recente entre a Escola de Ciência da Informação da Universidade do Texas e a Biblioteca Pública de Austin, tentamos ver se o sistema digital de reservas da biblioteca estava levando a uma distribuição desigual de recursos. Isso é uma maneira chique de dizer que pessoas com meios poderiam usar ferramentas on-line para conseguir recursos valiosos em detrimento daqueles com menos recursos/letramento digital.

Já a outra ideia ao mencionar o sentido de exploraração de ideias perigosas, referem-se a conceitos não convencionais, desafiadores e, por vezes, controversos. Lembra da ideia de biblioteca como lugar silencioso?

Que tal tentar impor a visão barulhenta?
Ser barulhenta é sinônimo de ser perigosa?
Uma biblioteca deve ser um local onde essas ideias possam ser exploradas, debatidas e contestadas de maneira civilizada.
Isso não significa endossar ideias específicas, mas sim fornecer um ambiente onde o diálogo e a análise podem ocorrer.
Em resumo, o Corolário 5 destaca a importância das bibliotecas como locais de liberdade intelectual, onde a diversidade de ideias é incentivada e protegida. Elas desempenham um papel fundamental na promoção do pensamento crítico e na construção de sociedades mais informadas e engajadas.

Conclusão

Para Lankes, as palavras de Ranganathan falavam sobre livros e leitores, mas o espírito de seu trabalho estava no serviço e nas comunidades. Embora uma biblioteca seja um organismo em crescimento, esse crescimento não acontece automaticamente e se não for planejado, pode ou não ser positivo.

Os bibliotecários devem administrar esse crescimento para combinar e apoiar as comunidades e ao fazê-lo, eles precisam ser guiados por missão e aspirações.

Para finalizar se pudéssemos tirar algumas lições:

As comunidades definem a biblioteca

Os corolários reconhecem que as bibliotecas como conceitos institucionais genéricos precisam de mais foco. Devemos olhar além do termo monolítico de “biblioteca” para as pessoas que fazem as coisas acontecerem: os bibliotecários.

Os corolários reconhecem que as bibliotecas genéricas precisam se concentar no hiperlocal. Deixe cada biblioteca ser definida por sua comunidade única.

Bibliotecas inspiram a criação do conhecimento

A missão fundamental é inspirar a criação do conhecimento. Isso significa ver cada interação como uma oportunidade de aprendizado e crescimento mútuo.

Bibliotecários constroem relações

No final, trata-se de conexões humanas. Construir relações de confiança e compreensão mútua. Entender profundamente as necessidades da comunidade.

Adaptar-se ao fluxo da vida

Em um mundo em rápida mudança, a capacidade de se adaptar e responder criativamente é essencial. As bibliotecas precisam ser ágeis e flexíveis.

Equilibrar recursos limitados

Recursos sempre serão limitados. Equilibrar prioridades competitivas com sabedoria e compaixão.

Defender a inclusão radical

Celebrar a diversidade, defender os marginalizados. Tornar o espaço seguro e acolhedor para todos.

Manter a mente e o coração abertos

Abordar o trabalho com humildade, curiosidade e compaixão. Ouvir profundamente. Estar aberto ao crescimento contínuo.

Não são só livros e coleções

No final, trata-se de ir além de empr´stimos e fazer curadoria, mediar e servir conhecimento à humanidade. Essa é a essência da Biblioteconomia.

Jorge Cativo

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