Por essa reflexão sobre mudanças ainda gerar desconforto e desprezo por tantos profissionais em tantos espaços informacionais, o livro da autora é indiscutivelmente obrigatório tanto em formato impresso como digital.
Não bastasse o presentear de suas diversas fontes de pesquisa tratando sobre o tema, Serra(2014) desenvolve múltiplos olhares sobre agentes e competências necessárias para alertar sobre novas demandas de usuários virtuais. Reflete sobre o futuro sem ignorar o presente, tratando da desmaterialização do livro, das novas formas de descrição baseadas não apenas em práticas tecnicistas de descrição e classificação de suportes. Evidencia magistralmente uma realidade a ser alterada, modificada, percebida não como a mesma das décadas de paradigmas do acervo fechado, de uma memória institucional onde a biblioteca simbolizava restrições e um lugar de castigo.
Essa percepção não questiona tem intenção de elucidar a permanência ou o fim dos suportes impressos, nem a permanência ou não dos usuários presenciais que buscam por conhecimento e acolhimento mediante um cotidiano conturbado onde o lazer, a diversão e principalmente o acesso aberto de um acervo que os atualize é primordial. Acervo fechado é sinônimo de desserviço.
Quanto aos profissionais, leia-se que é preciso compreender o sentido e significado de competência informacional conforme já apresentou Dani Spudeit em postagem no BD: ênfase na autonomização, orientação e foco nos usuários. O estudo de demandas e a interação devem reafirmar um novo papel das bibliotecas ainda construídas em prédios, onde a iluminação e climatização abrigam grande espaço físico de um acervo destinado a suportes com uma função social que em muitos espaços ora constrange, ora respeita e converge para a privacidade dos usuários .
Por fim, a obra exemplifica inúmeras práticas que impactam todos os agentes envolvidos nos espaços que lidam com informação. Um futuro se aproxima e com ele as novas gerações y e @ de usuários anseiam por tecnologias, uma comunicação em uma linguagem familiar e um atendimento que evidencie que em bibliotecas, suas demandas podem ser ofertadas e não são oriundas de buscadores que iludem com sua velocidade em detrimento da idoneidade e pertinência que se desejem.
Minha indicação é para que o livro seja lido e relido, adquirido em todos os seus formatos, expressões, manifestações e itens que surgirem, afinal os desafios são imensos por isso farei uma breve reflexão sobre alguns aspectos tratados no livro:
Os ambientes informacionais mudaram e não necessariamente possuem barreiras físicas, horário de funcionamento, espaços entre prateleiras a uma distância x acondicionando quantitativo estimado de obras impressas e carimbadas. E se pensarmos que essas obras estão sujeitas aos agentes químicos, físicos e biológicos até que sejam emprestadas com seu peso e formato por um usuário presencial que nem sempre a recupera no acervo ou a encontra após seu extravio?
Outrossim, novos usuários que antes buscavam comodidade e menos restrições e censuras no uso de espaço físico de bibliotecas tradicionais, aumentam gradativamente em ambientes também virtuais que no máximo agora deles exige login e senha em Opacs, repositórios e bibliotecas digitais.
Quanto aos livros e sua desmaterialização, quantos já estão armazenados repositórios sendo acessados de forma perpétua em múltiplas edições gerenciadas em plataformas desenvolvidas por redes de bibliotecas, rompendo barreiras impostas pelos distribuidores a um menor custo possível sem infringir direitos autorais e as proteções agora representadas por DRMs?
Já os agentes, editores, fornecedores e livreiros de um comércio cada vez mais lucrativo em suas plataformas próprias, extensões e tão somente visualizações de edições comercializadas em novas modalidades de aquisição: que sejam menos capitalistas na oferta de modelos de negócios de desmaterialização dos livros e mais flexíveis nas demandas de usuários e bibliotecas com seus custos de aquisições sempre tendendo ou para assinaturas ou para e pay-per-view em suas negocioações.
Quanto aos profissionais, que consigam ter uma nova percepção sobre seu papel em uma nova realidade e os seus desafios de adequações e mudanças envolvendo todos esses agentes: RDA, FRAD, FRBR, ontologias, disseminação seletiva, marketing digital, Opacs, Repositórios, downloads, modelos de negócios, DRM, plataformas proprietárias, extensões AZW, ePUB E PDF e porque não seus leitores e um carregador sendo disponibilizado em uma biblioteca? Kindle ou Lev? Ler em uma cafeteria dentro da própria biblioteca? Espaços livres de cadeados e guarda-volumes sem a depreciação do acervo? Um dia quem sabe chek-in e check-out sendo retratados em indicadores gerados pela quantidade de acessos simultâneos?
Finalizo com o desejo de que todos comprem o livro: impresso ou digital ! Grato pela produção inestimável da bibliotecária Liliana Serra sobre o tema.
Pós-graduando em Administração e Gestão do Conhecimento (2014). Graduado em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Amazonas (2013). Tecnólogo em Processamento de Dados pelo Instituto de Tecnologia da Amazônia (2001). Bibliotecário atuando no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Colaborador de versões do software livre de informatização de bibliotecas Biblivre. Tem experiência em criação de mapas mentais temáticos para estudos em concursos públicos. Desenvolvimento de blogs, websites e projetos de automação de bibliotecas. É tutor em cursos preparatórios para concursos públicos na modalidade EAD na área de Biblioteconomia. Tem interesse em temas como: Automação e tecnologias aplicáveis em bibliotecas; Softwares de gerenciamento de bibliotecas; Biblioteca 2.0 e livros digitais; Inteligência Competitiva e Gestão do Conhecimento.